Mais de 30
mil amostras de organismos marinhos descobertos na parte do oceano que
banha as regiões Norte e Nordeste do País passaram a ser reunidas no
Museu Oceanográfico da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A
unidade, inaugurada ontem (23), no Recife, é a primeira desse tipo na
região e a quinta no Brasil.
Universidades federais do Rio de Janeiro e de São
Paulo, por exemplo, já mantêm essas estruturas de pesquisa. O espaço é
utilizado para concentrar descobertas de ecossistemas marinhos, analisar
as características e monitorar espécies. A necessidade desse tipo de
laboratório, que tem sido patrocinado pela Petrobras, ganhou impulso com
a exploração petrolífera em águas profundas.
A proposta é que os pesquisadores consigam mais informações sobre a
biodiversidade da região. Essas análises vão permitir, por exemplo, uma
melhor avaliação do impacto ambiental provocado pelas atividades da
indústria de petróleo. O trabalho dos pesquisadores é uma demanda da
estatal e de outras empresas do setor que precisam fazer análise de
impacto antes de começar o trabalho de perfuração em busca de petróleo.
O museu em Recife reúne coletas feitas nos últimos 60 anos, em
expedições brasileiras e estrangeiras pela costa brasileira. "A gente já
armazenava aqui [no Recife] o que é raridade em todo o Brasil, mas
armazenávamos em estantes inadequadas e perdíamos muito material. No
museu, agora, temos armários deslizantes compactadores que ocupam menos
espaço e onde cabe muito material", disse a pesquisadora do Departamento
de Oceanografia da UFPE, Sigrid Leitão.
A unidade em Pernambuco, que custou R$ 1,5 milhão para ser construída
e equipada, será utilizada por especialistas de várias áreas e de
outras universidades, inclusive estrangeiras. Algumas amostras reunidas
no museu da UFPE são partes de espécies que são encontradas apenas nas
regiões Norte e Nordeste, como crustáceos, corais e estrelas-do-mar que
escolhem águas mais quentes como habitat.
Curador da coleção instalada em Pernambuco, Jesser Fidelis, afirma
que recentemente, com a atividade petrolífera, o volume de material
entregue às equipes da universidade pernambucana tem aumentado. "Temos
recebido muito material para análise. Alguns materiais têm vindo
inclusive de outras regiões, como da Bacia de Campos e muitas têm chance
de ser o primeiro registro no Brasil", disse.
Fidelis afirma que os pesquisadores ainda não conseguiram avaliar
todas as mais de 30 mil amostras reunidas no museu. A estimativa é que
esse material represente cerca de 3 mil espécies novas de crustáceos,
ouriços do mar e corais, entre outros. "Ainda temos muito material que
não foi analisado e não tem como estimar, mas acreditamos que pode
dobrar o número de espécies [ainda não catalogadas no País]", calculou o
pesquisador.
Em apenas um dos grupos de análise, cerca de 70% do material colhido
recentemente nas regiões de exploração de petróleo representam espécies
que ainda não tinham sido identificadas na parte brasileira do oceano.
(Agência Brasil)
Fonte: Jornal da Ciência
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